O imobilismo e a desesperança
Prefeitos e vereadores de Camacan, Arataca, Jussari, Santa Luzia, São José da Vitória, Mascote e Buerarema e mais uma dezena de deputados federais - inclusive muitos que contaram com votações expressivas em Ilhéus - se mobilizam para que o campus da Universidade Federal do Sul da Bahia (Ufesba), em Itabuna, seja construído numa região de mais de 100 hectares, na localidade de Ferradas.
Mas não pensem que esta luta é uma homenagem ao filho mais ilustre do lugar: o escritor e intelectual Jorge Amado. A escolha da área tem o objetivo de beneficiar as cidades circunvizinhas e aproximar uma das maiores conquistas da região nas últimas décadas, a universidade federal, das comunidades que estas autoridades representam.
Enquanto isso Ilhéus se cala.
Melhor: nem anda.
Muito provavelmente hoje, no Senado, a Ufesba deverá ser aprovada e, em seguida, dependerá apenas da sanção da presidente Dilma para se tornar realidade.
Mas, pensemos juntos. Quantas vezes você ouviu Ilhéus reivindicar a universidade federal? Quantos dos nossos políticos se mostraram eficientes em mostrar a verdadeira importância de termos mais um centro do saber e da cidadania perto de nós?
Que cidade é essa! Que políticos são esses?
Por que tanto imbolismo? Por que tanta falta de representividade moral e política?
Camacan, Arataca, Jussari, Santa Luzia, São José da Vitória, Mascote e Buerarema dão um show de construção política sobre Ilhéus, berço desta civilização. Os filhos dão lição à mãe.
Se pelo critério técnico não dá para se pensar uma universidade federal no sul da Bahia longe de Ilhéus, há o critério político que nos afasta do sonho.
Enquanto os políticos de lá se organizam, mostram eficiência e capacidade de liderança regional, os nossos abaixam a cabeça ou, quando a erguem, é apenas para falar de soberba, de intimidade que não tem com quem manda ou deixa de mandar.
É verdade que Ilhéus empobreceu. Mas empobreceu na pior das circunstâncias.
A nossa pobreza é de espírito. É moral.
É como se um prato de comida estivesse sendo servido para a região. Que Buerarema se servisse. Que Mascote viesse logo depois para se alimentar. E assim por diante. E o prato sujo depois de todo mundo alimentado? Bem, aí, nós, ilheenses, orgulhosos, ficaríamos com a tarefa de lavá-lo, mesmo que não tenha podido se servir dele.
Assim como nossa indignação não passa de cinco minutos, a nossa esperança deixou de existir há muitos anos. É a verdade!